Contra a Intolerância Religiosa






O jornal passou a ser a nossa maior forma de expressão e, lamentavelmente, o usamos como arma de defesa quando tivemos que lutar contra o preconceito e discriminação apresentado por parte de um irmão evangélico que assumia uma cadeira na câmara de vereadores aqui da nossa cidade. Nós fizemos uma campanha contra esse cidadão que na época usou de vilipendiou para com objeto sagrado do nosso culto. Ele perdeu a campanha eleitoral/2008, amargando um lugar na suplência.



Contra a intolerância religiosa

Caros leitores e irmãos de fé
Queremos nesse ato e através desta mídia apresentar uma denuncia contra um pseudo irmão em Cristo o vereador Roberto Gonçalves, que em data de 23 deste mês fez um pronunciamento através dos microfones da rádio local onde usou de preconceito e discriminação a um dos maiores símbolos da maternidade universal a nossa mãe Yemanjá, dizendo que “a sua imagem deveria ser colocada no fundo do quintal das casas dos adeptos da religião umbanda e candomblé e não na praia de Upanema como fora assentada”. É importante salientar que não estamos aqui defendendo a imagem mal esculpida que chegou á nossa cidade, mas o sentido religioso que ela importa. Este irmão (?) assume uma cadeira na Câmara de Vereadores. – Povo de umbanda e candomblé será que esse pseudo irmão merece ser nosso representante? Ele ainda nem aprendeu a conviver com as diferenças religiosas de modo que perguntamos o que faz esse cidadão no meio da sociedade? Não estamos impondo a nossa religiosidade a ele ou a quem quer que seja, mas queremos ser respeitados como religiosos de matriz africana.
Tem um provérbio yorubá (de origem africana) que diz: Ni gberú Olorun ni gberú enian que quer dizer: só existe respeito para Deus quando se tem respeito pelas pessoas (que são criaturas de Deus). Esse respeito está faltando por parte desse edil.
Reside uma partícula divina em cada um de nós que são os nossos orixás. O nosso Deus pessoal regido por um Deus universal. Eis a prova milenar que Deus existe e que criou os orixás: “Oh! Quão maravilhosos são os começos da historia e da doutrina divina da salvação pela fé pessoal, ao nosso Deus pessoal” (Pentateuco de Moisés – bíblia sagrada).
É hora de pensarmos irmãos (umbandistas e candomblecistas) para escolher a pessoa certa para nos representar perante os órgãos públicos.
Publicado na primeira edição do Jornal Axé em Noticia em junho/2008.
Por Noamã Jagun


CRÔNICA: É só pra dar um toque

O que faz um homem público usar a mídia para criticar e discriminar a religião do povo que o elegeu? Não seria mais correto esse edil usar os meios de comunicação para falar sobre sua plataforma de governo? Para ser o porta-voz do seu povo? É notória a diferença que existe entre o homem público e o cidadão comum, de modo que o homem público ao sair de sua casa deverá deixar guardado no aconchego do seu lar, as suas preferências, suas opiniões pessoais, suas crenças, etc., pois como político, sua vontade deverá ser espelhada na vontade do povo; seus sonhos deverão ser transformados em metas que vise realizar os anseios do seu eleitorado; sua religião, a política e deverá ter como objeto de culto sagrado os que o elegeram; sua igreja, o seu gabinete de trabalho onde não deverá ajoelhar-se, mas sim, arregaçar as mangas e trabalhar para merecer o voto recebido; sua oração, o seu discurso através do qual se comunicará com seus correligionários e anunciará medidas que venham a priorizar as aspirações dos mesmos; sua bíblia serão seus projetos anunciando melhorias (boas novas) para o seu povo; sua fé tem que ser devotada no povo que o elegeu e que também nele botou fé e, seu Deus, um Deus que não faça acepção de pessoas e que caiba dentro do seu coração e do coração daqueles que lhe devotaram confiança. 
Não importa que o aspirante político seja católico, evangélico, espírita, candomblecista, etc., importa sim, que seja uma pessoa de bem, de bom caráter, que seja uma pessoa equilibrada psicologicamente e que sua meta de trabalho vise o bem comum. 
É hilário ver-se um edil criticar uma divindade da qual ele não tem o devido conhecimento sobre ela. Ex: como pode um “político” lançar uma crítica a respeito de um símbolo sagrado como Yemanjá, se ele não é iniciado dentro dos princípios do Candomblé ou Umbanda? Se não tem nenhum conhecimento universitário sobre o tema, Se não é antropólogo, se esse cidadão, sequer sabe algo á respeito dos Egbá ou Abeokutá, onde se originou o culto a grande Mãe das Águas?
É revoltante, verificar que a sua critica é fundamentada no preconceito, que gera á intolerância e abona a agressão. Cômico é constatar que esse indivíduo, pelo fato de ser “evangélico”, considere-se salvo, apto a morar no reino dos céus e classifique adeptos á outras religiões como merecedores do inferno convencional. Se for haver um julgamento, mas o fantástico e legendário “Dia de Juízo” ainda não aconteceu, de modo que ninguém poderá julgar-se no paraíso e condenar outros ao mundo subterrâneo dos infernos. O juiz não é Deus, ou não? 
Devo lembrar que a Bíblia diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados; porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido medir-vos-ão também” (Mt. 7;1-2). Digo mais, que a convivência religiosa é plausível e tem respaldo bíblico: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável” (At; 10; 34-35).
Viver nossa religiosidade é um direito que está expresso na Lei Magna (Constituição) do país e não abrimos mão desse direito. 
É importante mencionar que na nossa cultura não existe diabo, o diabo pertence ás religiões cristãs. 
Temos nossa forma específica de adorar a Deus, na existência de um Deus único, onipotente, eterno e in-criado, potência geradora de todo o universo material e espiritual; ponto de partida e de chegada de todas as energias, do alfa e do ômega, principio e fim de todas as coisas.
Publicada na primeira edição do Jornal Axé em Noticia em julho/2008
Por: Noamã Jagun

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